segunda-feira, 13 de junho de 2016

Descendência Luciano Di Capua

 l3-06-2016. Segunda Feira
   O amigo que mais marcou minha vida, me influenciou demais, tornou-se como um irmão, foi um jovem egípcio de ascendência italiana, desembarcado no RECREIO da manhã no Colégio Estadual.Nada menos que o diretor Alberto veio apresentá-lo a nós da 5a série P, pre-adolescentes;este menino-prodígio das escolas paulistas com o peito coberto de medalhas de primeiro lugar, poliglota falando 7 idiomas: português, Inglês, francês, árabe, italiano e sei lá mais o que.
   Vestia-se de um jeito esquisito para a caipirada mineira e logo <pintamos> com ele após as aulas, tomando-lhe o boné, a pasta com alças que se usava no grupo escolar. Ela estava sempre super agasalhado: camiseta branca de regata por baixo da camisa enorme, mangas três quartos ( nem curta, nem comprida, estilo europeu , talvez), pullover de lã com faixas vermelho, verde, azul , branco e marrom, japona, boné e luvas no inverno.Era uma figura! Moço bonito, dócil, super educado, daqueles que se levantavam quando chegava uma pessoa mais velha. Cumprimentava respeitosamente, juntando os calcanhares, como fazem os militares. Logo virei seu protetor, impedindo as brincadeiras mais cruéis porque ele não desistia de pegar seu boné ou sua pasta. Aprendi com ele, treinávamos, italiano, francês, inglês, e tornei-me inseparável. Eu tomei duas bombas em matemática - 5a e 6a séries- e passei a ir diariamente a casa dele estudar a tal de matemática. Ele salvou-me. As tais equações de primeiro grau.
     Era menino <muito preso> pelos pais, não podia sair e enturmar-se conosco. Ia ao cinema só com papai e mamãe, Remo e Dona IDA que logo apelidamos de Dona Volta ( foi o Angelo Distefanos Papastefanos - grego que inventou o apelido. O grego lembrava fisicamente o genial Cantinflas, humorista  mexicano. Lucho nos pedia para assentarmos atrás dele no cinema para poder conviver conosco. Com o tempo ele foi se soltando.
    Tinha uma visão cosmopolita e influenciou a toda a nossa geração. Tocava piston na fanfarra, jogava basquete, dançava muito bem, veio a ser professor de matemática, geografia, etc.Montou o Teatro Universitário Passense - TUPA e foi sua alma e seu tudo, ator, diretor( que dividia comigo) contra regra, engenheiro da iluminação que criou, fazia qualquer papel se algum irresponsável abandonava a peça na última hora, etc. Com Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto conseguimos um sucesso empolgante para nós jovens idealistas, sonhadores, perseguidores da utopia aplaudidos de pé em Passos, Furnas, Pratápolis e a nossa apoteose ... na AEC em Franca. São Paulo
      Montou para nós darmos aulas - ainda estudantes- curso de Admissão ao Ginásio, Curso de Formação de Oficiais - CFO - para ingresso no Batalhão - o l2o, aulas particulares diversas,  fundamos o jornal DOÇURA primeiro no mimeógrafo da faculdade, depois impresso, enfim , Luciano foi extraordinário, criando, inventando, influenciando toda uma geração dos anos sessenta - maravilhosos- OS ANOS DOURADOS.
       Morreu jovem. Deixou viúva Cecilia  com duas crianças, Roberto e Marcelo. Já lá se vão 4O? anos. Hoje seus descendentes moram em Franca, S.Paulo e eu morro de saudades de todos. Gostaria de saber deles todos. A descendência do grande Luciano Di Capua, bisnetos de Guilherme e Elisa...
Que saudades! Queria saber deles, quantos mais na família. Tão perto e tão longe!
    Minhas homenagens ao grande amigo que amei, hoje nome do meu único filho homem, Luciano que me fez crescer, evoluir com sua visão de outros povos, jovem consciente, de esquerda, claro.Meus respeitos e parabéns aos seus familiares.
   CUM DEUS AÍ !

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